ILUSÕES MATERIAIS
Dois caminhos bem delineados, ou delimitados, o Homem pode enveredar-se, escolhido pelo seu famigerado livre-arbítrio: o mundo afora do seu âmago; ou o seu mundo interior. Sabidamente, os homens do mundo ocidental escolheram o caminho das ilusões materiais – e mesmo o mundo oriental mais espiritualizado está pervertendo-se aos encantos efêmeros do materialismo desenfreado. Sinal dos tempos modernos e de uma tecnologia globalizada. Já faz algum tempo que os prazeres materiais do mundo ocidental, principalmente do primeiro mundo, estão penetrando na silenciosa e meditativa espiritualidade do mundo oriental. Ao invés do mundo oriental, mais instruído espiritualmente, influenciar o mundo ocidental, tem acontecido justamente ao contrário: e esta arbitrariedade humanística lunática ocorre justamente por ter, no mundo oriental, uma superficialidade espiritual proveniente das religiões repletas de misticismos; perturbados pela ignorância cósmica das leis imutáveis de Deus... E é justamente o Espiritismo que vem iluminar, com suas luzes transcendentais, o materialismo cético que tenta se implantar de maneira desesperada...
A juventude da nossa pós- modernidade está muito distanciada dos princípios religiosos, justamente por serem infindáveis irrealidades cosmológicas: para estes jovens desamparados espiritualmente, Deus é a matéria – ou seja, o princípio material criador de todas as coisas... E uma grande loucura tecnológica escava nas estradas das penosas ilusões materiais. Não tendo o Homem um discernimento científico e filosófico do mundo espiritual, é natural que ele pense em gozar insaciavelmente todos os prazeres materiais; pois morrendo a matéria cessa a vida. E este pensamento materialista, desprovido de uma realidade metafísica, tem propiciado à humanidade todos os tipos de atrocidades violentas, que depreciam a dignidade humana. Os crimes aberrantes estão cada vez mais insistentes; o caos social apresenta-se de forma insensível e brutalizado; os suicídios são mais constantes em todas as camadas das sociedades mundiais; os homens não valem nada se não possuírem bens materiais e bastante dinheiro no banco; a cada dia, surge mais uma religião intitulando-se como a anunciadora dos desígnios de Deus e portadora da sua santa palavra, sendo administrada por pastores inescrupulosos e gananciosos – que usam os meios de comunicação para engordar o rebanho com suas ovelhinhas dóceis e incautamente nuas e despreparadas espiritualmente...
O pós-modernismo é um caos completo, onde reina a loucura desenfreada: a psiquiatria está enriquecendo com este quadro depressivo dos finais dos tempos – louquinhos e grandes loucos apresentam as suas expectativas criativas e as suas esperanças em dias melhores. Terremotos, tsunamis e enchentes anunciam a fúria da natureza contra os homens empedernidos, e milhões de homens morrem em grandes catástrofes ecológicas... Tudo isto porque os homens estão esquecidos das leis de Deus, e só pensam em viver, e apressadamente, as suas ilusões materiais: sonhos materiais que na grande maioria dos casos sucumbem antes de se realizarem... E as traumatizações são profundas e permanentes, aumentando, consideravelmente, as neuroses humanas. A Igreja Católica, símbolo da intelectualidade moral dos tempos antigos, está desmoralizada e desacreditada nos seus propósitos espirituais: por conseguinte, o Espiritismo (não tenho dúvidas) é a tábua da salvação de nossa humanidade que se encontra perdida e desprotegida espiritualmente.
Carro do ano, TV digital, celular comportando mil utilidades, Internet globalizada, viagens para o exterior são gozos materiais que impressionam a psique humana, causando transtornos mentais quando não podem ser adquiridos pelos homens desprovidos de capital: as ilusões materiais são projetadas pelo sistema capitalista aos homens capitalizados – portanto, percebe-se a ingente injustiça acometida pelos capitalistas. Sendo o Capitalismo um sistema injusto e calculista, visando exclusivamente o lucro abusivo, ainda elevado com a inoperância do Sistema Socialista e do Sistema Comunista, é de se imaginar que o poeta da loucura e o precursor do Teatro da Loucura, que sou eu, estejam a idealizar um novo sistema de coisas para o novo mundo da nova ordem mundial, já em preparo... E este novo sistema me foi inspirado e intuído pelos Espíritos Superiores e se chamará Sistema Ecomunitarista: quem viver verá!
Sendo um pensador da pós-modernidade, e minha psiquiatra afirma que eu penso muito, escrever é uma grande terapia ocupacional para os meus pensamentos efervescentes e transcendentes: e escrevendo muito, não desperdiço o meu precioso tempo com as frivolidades das ilusões materiais. Não sou santo, e já me desenganei com as ilusões materiais; mas eu tive o teor da minha arte ao meu favor; erguendo-me do caos absoluto onde me afundei – areia movediça que me sugou paulatinamente... Mas no momento derradeiro da minha existência complexa, fui salvo e resgatado pelo imortal Espiritismo: por isso não tenho nenhum receio em sintonizar o meu discurso literário e artístico com a ciência espírita. Estive em todas as religiões e em todas as seitas; mas só encontrei a mim mesmo na senda do Espiritismo...
Esta busca incessante das ilusões materiais é derivada de outra busca ilusória: a felicidade material... E esta felicidade material, não podia deixar de ser, é procurada na parte externa do Ser: o mundo material, pensa o Homem, tem tudo o que precisamos para alcançar uma felicidade permanente até os últimos dias – equivocado, não percebe que é justamente ao contrário: é dentro do seu âmago que o Homem poderá encontrar a tão almejada felicidade... É fazendo uma reforma interna, adquirindo os verdadeiros valores espirituais, que o Homem pode penetrar no mundo da felicidade, do amor e da paz celestial. E é justamente na prática da caridade, sendo solidário com os seus semelhantes e perdoando os seus inimigos, que o Homem atinge o auge supremo da sua felicidade material: felicidade parcial (é verdade) devido às atribulações da vida material; mas um projeto avançado para alcançar a felicidade espiritual – que é, indubitavelmente, eterna... É assim que funcionam as coisas; se queremos da vida apenas alguns momentos de gozos e de ilusões materiais; ficamos à mercê de uma fé cega, que nos faz acreditar em mentiras milenares: ao contrário, querendo uma vida permanente de recolhimento espiritual e de acumulações de virtudes caridosas, estaremos diante da fé científica – que não remove montanhas -; mas que aproxima literalmente o Homem do seu criador, e prepara o seu espírito para fazer a viagem de retorno ao verdadeiro mundo espiritual: retorno recepcionado com pompas e glórias por ter obtido sucesso nas provações terrenas... Os títulos e os troféus, que os homens adquirem na Terra, não têm nenhum significado especial a Deus: de que adiantam as honrarias materiais, com a inteligência e a moral enterradas no lodaçal dos pecados capitais? O Homem, quando se desfaz do seu corpo material, leva apenas o seu espírito: as ilusões materiais morrem com a matéria... E Deus avalia o seu espírito conforme o crescimento espiritual obtido na sua encarnação material: é para isto que o espírito encarna na matéria – para desenvolver o seu potencial intelectual e moral; as ilusões da matéria só sabem provocar indolências no ritmo do crescimento espiritual do Homem. A vida material é uma escola, aonde o espírito vem praticar o estudo executado no mundo espiritual: se for reprovado pelos desvios das ilusões materiais, tem que retornar ao planeta Terra e recomeçar tudo de novo até se desfazer das suas imperfeições terrenas: mundos materiais superiores estão te esperando ó espírito retardatário perdido nas tuas ilusões materiais...
Chico Xavier (o pai da caridade) já está pronto para encarnar em mundos superiores; ou quem sabe habitar os mundos especiais, com felicidade eterna, dos Espíritos Puros. Sendo um grande missionário da espiritualidade, não é de se duvidar de que seu espírito vivenciou a sua última encarnação nos mundos materiais... E não me consta que ele tenha acumulado títulos e troféus para conceber a felicidade eterna, tornando-se, por assim dizer, um ministro de Deus – na execução dos seus desígnios cosmológicos...
FERNANDO PELLISOLI
Enviado por FERNANDO PELLISOLI em 16/09/2010