COLETIVIDADE POLÍTICA
O egoísmo tem colaborado para que o Homem percorra os caminhos da individualidade. Em todas as épocas, nos vimos cercados de indivíduos alicerçados nos ideais de conquistas vantajosas que, pela ganância do poder, traçavam o maquiavelismo nos destinos humanos.
O desejo de posse, o desejo sexual e o desejo de possuir prazeres materiais incessantes levaram o Homem a centralizar em si mesmo os conceitos de uma sociedade burguesa, sem o reconhecimento solidário e fraterno que todo o convívio salutar deve ter. Causando, com isto, a massificação dos povos fragilizados pelo poder de ordem dos poderosos insensatos e vis. A satisfação, o gozo desnorteado dos comandantes do Sistema em manter a supremacia das idéias, ainda que errôneas, são fatos que marcam a desumanização das classes sociais.
O individualismo é um ingente vírus social que aniquila com o conceito fundamental da tão escravizada e desmerecida coletividade. Coletividade esta que soluciona a maioria dos problemas humanitários, equilibrando as forças humanas e as forças da própria natureza que nos cerca, e nos anima como seres politizados e pensantes. Pois o individualismo tem sido a célula mater. da sociedade capitalista e mercantilista. Tem fraudado os direitos elementares da dignidade humana, tem afundado, friamente, o ser social, beneficiando uma elite chifruda e materialista. O individualismo, portanto, é o causador de todos os malefícios das sociedades caóticas e desorganizadas.
É certo que ainda viveremos cercados de inúmeros vendavais individualistas, antes que a regeneração do planeta aconteça plenamente. Poucas novidades, no que tange aos critérios da fraternidade solidária, serão avistadas por nossas esperanças calejadas de tanto sofrer privações de toda ordem, de tanto sofrer humilhações subumanas. Estamos, em verdade, enjaulados numa bolha viscosa de utopia, sem respirar o ar atmosférico da coletividade mundial tão esperada. Somos todos loucos enjaulados nos manicômios individualistas – que sorvendo os nossos ideais revolucionários, proliferam as facções políticas demoníacas da má-fé arbitrária.
Queremos a salutar revolução dos conceitos, a regulamentação auspiciosa da tão esperada coletividade. Queremos uma Democracia emanada, de fato, pelo poder da coletividade que gera recursos igualitários, comprometida com a idealização do poder dos povos em detrimento do poder governamental inoperante e incapacitado de elevar o ser humano às camadas mais elevadas da solidariedade cristã e espiritual.
É possível rever os conceitos de convivência, antes que o caos tecnológico absoluto se alastre indefinidamente. É possível reconstruir os alicerces da nossa humanidade enfeitiçada pelo egocentrismo de alguns magnatas do charlatanismo econômico, político e religioso. Temos tempo, ainda, de revolucionar o Sistema antes que a mão de Deus desça ao nosso mundo material e nos faça conceber a realidade com os punhos da sua justiça maior. Há tempo para reconhecer que a humanidade só pode ser próspera vestida no poder da coletividade, no poder das grandes massas oprimidas.
(Talvez o amigo leitor possa pensar que o poeta cronista não passa de um simples louco em devaneios. Que, em verdade, nascemos para ser individualistas. Que o egoísmo tem sido a maior virtude das nossas humanidades de todos os tempos. Que o pensamento do cronista é utópico e lunático. Na verdade eu sou um grande louco, capaz de sair do meu corpo conscientemente, adentrar-me no espaço sideral, confabular com os espíritos superiores e retornar ao meu corpo material imbuído de idéias complexas, é verdade, mas extremamente revolucionárias e comoventes. Tanto que eu mesmo fico abismado com o fundo do meu conhecimento intelectual e moral - que eu uso na minha linguagem política comunitária.)
Ainda temos tempo, eu repito, para corrigirmos os nossos erros primordiais de desumanidade. Embora saiba que espíritos bons estão encarnando no planeta desde a década de 90, e que os espíritos que se mostraram extremamente rebeldes em suas encarnações terrenas estão fadados a serem expulsos da Terra para migrarem aos mundos mais inferiores, mais primitivos, para sofrerem agudas expiações pelos seus crimes seculares cometidos contra a bondade e a justiça de Deus. É justamente esta falange de espíritos bons que irão construir a nova ordem mundial. Ordem esta que eu intitulo de Ecomunitarismo. Ou seja, ecologia e comunidade provendo as necessidades materiais e espirituais da coletividade política. Novas formas de controle social e humanitário recolocaram o Homem no seu devido lugar: conviver fraternalmente com a natureza e consigo mesmo, sem os desperdícios do poder obsoleto.
Não tenho dúvida alguma que o Espiritismo unirá todos os povos numa mesma cartilha. Que religião e ciência têm que ser uma coisa só, sem controvérsias, sem contrastes dogmáticos. E o amor à coletividade só será menor que o amor que todos nós temos que ter pelo nosso onipotente criador - energia espiritual magnífica e suprema de todas as coisas dos universos.
FERNANDO PELLISOLI
Enviado por FERNANDO PELLISOLI em 21/09/2010